Mesmo sendo uma das maiores e mais respeitadas empresas da história dos games, a Nintendo também acumula projetos que preferiria esquecer. Seja por vendas decepcionantes, propostas confusas ou execuções desastrosas, alguns jogos simplesmente não emplacaram. O mais curioso? Muitos deles desapareceram dos canais oficiais: não estão mais à venda no eShop, não entraram em catálogos retrôs e, em alguns casos, não são sequer mencionados em coletâneas ou eventos comemorativos da Big N.
Selecionamos cinco desses títulos que a Nintendo aparentemente quer esconder dos holofotes. Prepare-se para revisitar algumas das tentativas mais frustradas da gigante japonesa — e entender por que elas sumiram do mapa.
Urban Champion (NES)
Um dos primeiros jogos de luta do NES, Urban Champion foi lançado com grandes expectativas, mas rapidamente ficou marcado por sua jogabilidade limitada e repetitiva. Com apenas dois personagens idênticos lutando em uma rua sem muita variação, o jogo envelheceu muito mal. Mesmo para a época, ele oferecia pouco em termos de desafio ou estratégia. Em tempos em que o gênero ainda estava se formando, ele falhava em oferecer profundidade ou qualquer sensação de progressão. Hoje, raramente é lembrado em compilações da era 8 bits e não aparece em serviços retrô como o Nintendo Switch Online. Até os fãs mais nostálgicos tendem a pular esse título.
Devil World (NES)
Desenvolvido por Shigeru Miyamoto, o criador de Mario e Zelda, Devil World é um jogo que mistura labirintos com temática religiosa. O jogador controla um dragão que coleta cruzes e evita o “Diabo” em um cenário que se movimenta em blocos. O problema? A presença de símbolos religiosos como cruzes e bíblias causou polêmica, especialmente para o mercado norte-americano, o que impediu seu lançamento nos Estados Unidos. Apesar de sua origem nobre, a Nintendo parece ter feito questão de esquecê-lo, não relançando-o em coletâneas ou serviços digitais nas gerações seguintes. O jogo se tornou uma relíquia curiosa e pouco discutida — um verdadeiro tabu dentro da empresa.
Wii Music (Wii)
Apresentado como uma grande revolução musical na E3 2008, Wii Music virou motivo de piada e frustração entre os fãs. Diferente de sucessos como Guitar Hero ou Rock Band, o título da Nintendo não tinha objetivos claros, mecânicas engajantes nem desafio. Parecia mais uma demonstração tecnológica do que um jogo completo. As apresentações desastrosas nos eventos e a ausência de estrutura transformaram o game em um dos maiores fiascos do Wii. As vendas não corresponderam à expectativa, e desde então, a Nintendo nunca mais tocou no assunto. O título sumiu até mesmo das listas históricas do console.
Tomodachi Life (3DS)
Lançado como uma mistura de simulador de vida e tamagotchi moderno, Tomodachi Life chegou com grande marketing, mas gerou controvérsias. A principal polêmica veio da ausência de relações homoafetivas no jogo, o que causou protestos públicos e uma nota oficial da Nintendo. Mesmo com uma base fiel de jogadores, a jogabilidade repetitiva, os eventos aleatórios sem impacto e as limitações de interatividade fizeram o título cair no esquecimento. Atualmente, ele não está mais disponível no eShop do 3DS, nunca foi cogitado para adaptações no Switch e praticamente sumiu das comunicações da Nintendo.
Steel Diver (3DS)
Título de lançamento do 3DS, Steel Diver tentou oferecer uma experiência de submarino com toques de simulação e estratégia. Com uma jogabilidade lenta e controles difíceis de dominar, o jogo não conseguiu capturar o interesse dos jogadores. A recepção morna afastou o público e, mesmo com uma tentativa de relançamento em formato free-to-play, o título não decolou. Foi um experimento falho que logo foi engavetado. Hoje, Steel Diver é citado apenas como curiosidade de lançamento e raramente lembrado em listas de jogos memoráveis do 3DS.
Outras decepções esquecidas
Além desses cinco, existem outros títulos que também parecem ter sido varridos da memória da Nintendo. Jogos como Project H.A.M.M.E.R. (cancelado antes mesmo de ser lançado), Color Splash (um Paper Mario pouco inspirado) ou Rusty’s Real Deal Baseball (experimento free-to-play no 3DS) também caíram no esquecimento. Muitos desses títulos apresentavam boas ideias no papel, mas pecaram na execução ou chegaram ao mercado no timing errado. A Nintendo, como qualquer gigante criativa, precisa experimentar — e nem todos os testes dão certo.
A vitrine nem sempre mostra tudo
A Nintendo tem um catálogo riquíssimo e uma história de sucessos indiscutíveis, mas também carrega títulos que prefere manter nas sombras. Seja por questões comerciais, culturais ou simplesmente criativas, esses jogos mostram que até os gigantes cometem deslizes. E, muitas vezes, o melhor que eles fazem é fingir que nunca existiram.
O que esses fracassos têm em comum? Em geral, falta de clareza na proposta, execução abaixo do padrão da empresa e um silêncio absoluto no pós-lançamento. Isso ajuda a consolidar a percepção de que são projetos que a Big N realmente gostaria que fossem esquecidos.
Em um universo onde cada nova geração traz reedições, relançamentos e serviços retrô, é revelador notar quais jogos são deixados de lado. Afinal, o que a Nintendo não relança, não comemora e não menciona… pode ser exatamente o que ela deseja esconder.