A franquia The Legend of Zelda é uma das mais respeitadas da história dos videogames, conhecida por sua inovação, narrativa envolvente e design impecável. No entanto, nem todos os títulos conseguiram manter o padrão elevado que a Nintendo estabeleceu ao longo das décadas. Alguns jogos, por diferentes motivos, ficaram marcados como os pontos mais baixos da jornada de Link. A seguir, mergulhamos nos cinco episódios mais controversos e criticados da série.
Zelda: The Wand of Gamelon (CD-i)
Talvez o mais infame de todos, Zelda: The Wand of Gamelon se tornou sinônimo de desastre. Desenvolvido para o Philips CD-i, o jogo foi fruto de um acordo comercial entre a Nintendo e a Philips que tirou a Big N do controle criativo. O resultado foi um título com animações rudimentares, vozes mal atuadas, controles desajeitados e uma jogabilidade extremamente frustrante. O design dos inimigos e o enredo sem pé nem cabeça transformaram essa experiência em um dos maiores “erros” da história da franquia. Mesmo como curiosidade histórica, é difícil recomendá-lo.
Zelda’s Adventure (CD-i)
Outro produto da parceria com a Philips, Zelda’s Adventure tentou adotar uma perspectiva top-down mais próxima dos jogos clássicos, mas falhou ainda mais que seu antecessor. Os tempos de carregamento eram absurdamente longos, os gráficos pareciam amadores e a jogabilidade beirava o insuportável. A ambientação era sem brilho e o ritmo do jogo cansativo. Mesmo com a tentativa de trazer uma Zelda jogável em uma aventura solo, a execução foi tão ruim que o jogo se tornou um exemplo de como decisões erradas podem prejudicar uma marca lendária.
Tri Force Heroes (Nintendo 3DS)
Lançado com a proposta de explorar o multiplayer cooperativo entre três jogadores, Tri Force Heroes prometia uma experiência divertida e colaborativa. No entanto, na prática, o jogo não conseguiu agradar a maior parte dos fãs da série. Jogar sozinho se tornou uma tarefa tediosa, pois o sistema de troca entre personagens era pouco intuitivo. A narrativa rasa, os visuais reciclados de A Link Between Worlds e a falta de variação nas mecânicas tornaram o jogo repetitivo. Muitos jogadores sentiram que o foco no multiplayer comprometeu a essência clássica da franquia.
Zelda II: The Adventure of Link (NES)
O segundo jogo da franquia foi uma aposta ousada. Abandonando a perspectiva top-down do título original, Zelda II investiu em um estilo side-scrolling com elementos de RPG, como níveis de experiência e magias. Embora inovador para a época, o jogo foi duramente criticado por sua dificuldade extremamente alta, controles rígidos e design de fases que exigia precisão milimétrica. A curva de aprendizado íngreme afastou muitos jogadores, e até hoje ele divide opiniões. Alguns o consideram um clássico incompreendido, mas para muitos fãs, ele representa um desvio arriscado que não deu certo.
Phantom Hourglass (Nintendo DS)
Phantom Hourglass teve um lançamento promissor e introduziu mecânicas interessantes como o uso da caneta stylus para controlar Link. No entanto, rapidamente se tornou alvo de críticas por conta do Templo do Rei do Oceano, uma masmorra central que precisava ser revisitada várias vezes ao longo da campanha. A repetição cansativa dessa estrutura, aliada à pouca precisão dos controles sensíveis ao toque, tornou a experiência frustrante para muitos jogadores. Apesar de ter seus méritos e charme visual, é frequentemente lembrado como um dos títulos menos cativantes da linha principal.
Ainda vale revisitar esses jogos?
Mesmo com todas as críticas, os títulos citados têm seu lugar na cronologia de The Legend of Zelda. Eles representam tentativas — algumas desastrosas, outras apenas mal executadas — de renovar a fórmula e alcançar novos públicos. Para os fãs mais curiosos ou completistas, revisitá-los pode render surpresas, boas risadas ou, ao menos, uma melhor compreensão de como a franquia evoluiu ao longo dos anos. Afinal, nem toda lenda nasce perfeita, e até mesmo os tropeços ajudam a pavimentar o caminho para os grandes sucessos.
É interessante notar como o tempo pode suavizar certas críticas. Jogos que foram considerados fracassos em seus lançamentos, com o passar dos anos, podem ganhar status cult justamente por representarem tentativas fora da curva ou ideias que estavam à frente do seu tempo. Hoje, plataformas como o YouTube e fóruns dedicados a retro games alimentam a curiosidade de uma nova geração que deseja explorar o passado da franquia de forma completa — com seus altos e baixos.
Zelda II, por exemplo, tem sido objeto de reavaliações mais positivas em comunidades de retrogamers. O título é estudado como uma experiência única que, apesar de suas falhas, tentou expandir o universo de Hyrule com mecânicas de RPG e um estilo de progressão inédito. Já Phantom Hourglass encontra defensores que elogiam a inovação de sua interface e o estilo artístico adaptado ao portátil, apesar das limitações do hardware da época.
Outros jogos como Tri Force Heroes ainda são jogados em partidas cooperativas por fãs que conseguiram reunir amigos ou explorar melhor o aspecto social da proposta. Isso demonstra que, apesar de suas falhas no lançamento, alguns desses títulos encontram seu público ao longo do tempo — mesmo que de forma limitada.
A presença dos títulos do CD-i, por sua vez, permanece como uma cicatriz curiosa e folclórica na história da franquia. Eles se tornaram fonte de memes, vídeos cômicos e até mods irônicos, mantendo-se vivos na cultura pop por motivos que certamente a Nintendo preferiria esquecer. Mas não se pode negar seu papel na história — como exemplos extremos do que pode acontecer quando uma franquia sai do controle de seus criadores originais.
No fim, os piores jogos de Zelda não deixam de ser fascinantes. Não porque são bons — mas porque mostram o quanto a série é resiliente. Mesmo quando tropeça, The Legend of Zelda consegue se reinventar e voltar com ainda mais força. Esses títulos podem até estar no fundo do baú, mas ainda guardam valor para quem deseja explorar todas as facetas de uma das maiores sagas dos videogames.