A Nintendo sempre foi sinônimo de criatividade e inovação, mas em meio a tantos sucessos consagrados, a empresa também lançou alguns títulos que beiram o bizarro. Seja pelo conceito, jogabilidade ou estética, alguns jogos se destacam não pela qualidade, mas pelo quão inusitados ou sem sentido eles conseguem ser. Nesta matéria, relembramos os jogos mais estranhos da história da Big N — títulos que ultrapassaram os limites da lógica e provaram que, para a Nintendo, não há ideia maluca demais.

WarioWare, Inc.: Mega Microgame$!

Lançado para o Game Boy Advance, WarioWare foi o nascimento de um conceito até então inédito: microjogos. Diferente dos minigames tradicionais, aqui o jogador tinha apenas alguns segundos para entender o que estava acontecendo e tomar uma ação rápida e precisa. Escovar dentes, desentupir privada, dar tapinhas no rosto de alguém, acertar uma mosca — tudo com visuais caricatos, trilha sonora frenética e uma estética propositalmente caótica. O sucesso foi tanto que gerou várias continuações igualmente bizarras, sempre apostando no absurdo como essência da diversão.

Cubivore: Survival of the Fittest

Pouco conhecido e ainda menos compreendido, Cubivore chegou ao GameCube depois de ter sido originalmente idealizado para o Nintendo 64. O jogo simula, de forma extremamente simbólica, a teoria da seleção natural. Você controla uma criatura cúbica que deve se alimentar de outras para evoluir e mudar sua forma. A paleta de cores é berrante, a física é rudimentar, e a trilha sonora é um amontoado de ruídos e loops esquisitos. O que parecia um experimento maluco virou um jogo cult que até hoje divide opiniões.

Chibi-Robo!

Imagine um jogo onde você é um robô minúsculo encarregado de cuidar de uma casa. Agora adicione brinquedos falantes, casais em crise, dinossauros de pelúcia com traumas e uma narrativa que mistura drama familiar com rotinas domésticas. Assim é Chibi-Robo!, uma pérola do GameCube. O protagonista precisa carregar baterias constantemente, recolher lixo, conversar com objetos inanimados e influenciar positivamente a vida dos moradores da casa. O contraste entre a aparência fofa e os temas abordados faz desse jogo uma experiência curiosa e, ao mesmo tempo, emocionalmente profunda.

Captain Rainbow

Exclusivo do Japão, Captain Rainbow é provavelmente um dos jogos mais autênticos — e esquisitos — da Nintendo. Lançado para o Wii, o jogo acompanha um herói decadente tentando recuperar sua popularidade em uma ilha onde vivem personagens esquecidos da Nintendo. As missões incluem ajudar Birdo a provar sua identidade de gênero ou ajudar Little Mac a voltar à forma física. O humor escrachado, as situações bizarras e o tom metalinguístico tornam esse título uma ode ao nonsense. Um verdadeiro laboratório de criatividade sem amarras comerciais.

Electroplankton

Se o conceito de “não-jogo” pudesse ser personificado em um cartucho, ele seria Electroplankton. Lançado para o Nintendo DS, o título é uma espécie de experimento musical interativo onde o jogador interage com pequenas criaturas aquáticas para gerar sons. Não há objetivos, fases ou recompensas. O foco é simplesmente explorar sons e padrões em uma experiência quase meditativa. Um misto de arte digital, brinquedo sonoro e software educativo, Electroplankton rompe com qualquer ideia tradicional de jogo.

Tomato Adventure

Desenvolvido pela AlphaDream, mesma equipe que criou a série Mario & Luigi, Tomato Adventure é um RPG que se passa em um mundo governado por tomates. O protagonista usa brinquedos como armas e precisa realizar minigames completamente malucos durante os combates, como assoprar microfones, apertar sequências de botões ou realizar desafios de ritmo. Com uma paleta de cores extravagante e personagens caricatos, o jogo é um delírio visual e narrativo que nunca chegou oficialmente ao Ocidente, mas ganhou status de cult entre fãs de RPGs portáteis.

Odama

Odama é, talvez, a definição de um jogo que não deveria funcionar — mas funciona. Trata-se de uma mistura de pinball e estratégia em tempo real ambientada no Japão feudal. O jogador usa uma bola gigante (a Odama) para destruir tropas inimigas enquanto comanda exércitos aliados por meio de comandos de voz utilizando um microfone conectado ao GameCube. A combinação parece insana, e é mesmo. Mas por trás da esquisitice está um sistema de jogo surpreendentemente funcional e desafiador. Uma ousadia que só a Nintendo teria coragem de publicar.

Doshin the Giant

Em Doshin the Giant, você é uma divindade em forma de gigante amarelo que caminha por uma ilha ajudando — ou aterrorizando — seus habitantes. Suas ações moldam o terreno e o humor da população. O jogo não tem objetivos claros, e o ritmo é propositalmente lento. O clima é contemplativo, quase filosófico, e a música ambiente acentua ainda mais a estranheza. Apesar de sua simplicidade, Doshin conquistou uma base fiel de jogadores fascinados pela experiência única que oferece. Um simulador de divindade com toques de fábula.

Freshly-Picked Tingle’s Rosy Rupeeland

Tingle sempre foi um personagem controverso dentro do universo Zelda, e ganhou seu próprio jogo no Nintendo DS — e que jogo. Em Rosy Rupeeland, você deve acumular o máximo de rupees possível para manter seu personagem vivo. Quase tudo envolve dinheiro: desde diálogos até batalhas. Tingle deve subornar, barganhar e manipular para seguir em frente. A estética é bizarra, os personagens secundários são estranhos e o humor beira o grotesco. Um dos exemplos mais excêntricos de um spin-off inesperado.

Face Training

Desenvolvido para o Nintendo DS, esse jogo tem como objetivo fortalecer os músculos faciais do jogador. Isso mesmo: você precisa fazer caretas para a câmera do DS enquanto uma “treinadora” virtual orienta os movimentos. Mais próximo de um aplicativo de fisioterapia do que de um jogo, Face Training mostra como a Nintendo, especialmente em sua era DS/Wii, estava disposta a experimentar em todas as direções.

Um legado que abraça o absurdo

A Nintendo nunca teve medo de experimentar, e esses jogos são prova disso. Mesmo que alguns nunca tenham feito sucesso ou sequer tenham saído do Japão, todos eles mostram o lado mais excêntrico e corajoso da empresa. Eles rompem com expectativas, ignoram tendências de mercado e desafiam o jogador a viver algo diferente. Alguns foram esquecidos, outros viraram cult, mas todos mostram que, com a Nintendo, até o absurdo pode virar diversão. E quem sabe? Talvez o próximo jogo bizarro seja justamente aquele que vai te surpreender e virar um novo favorito.