Nem todo clássico nasce sendo aclamado. Alguns jogos do Super Nintendo foram ignorados, criticados ou mal compreendidos no seu lançamento, mas com o tempo ganharam uma legião de fãs. Seja por causa da sua originalidade, atmosfera única ou mecânicas ousadas, esses títulos passaram de “fracassos” a cultuados – verdadeiras pérolas escondidas da era 16-bit.
Se você curte revisitar games antigos com um olhar mais maduro, prepare-se para se surpreender com essa lista.
EVO: Search for Eden
Na época, muita gente torceu o nariz para esse RPG da Enix, que mistura evolução biológica com combate em tempo real. A ideia de começar como um peixe e ir evoluindo até virar um humano parecia estranha demais. Mas hoje, é justamente essa proposta única que faz de EVO uma joia cult. A narrativa filosófica, o ritmo contemplativo e o design de criaturas bizarras conquistaram um nicho fiel. É um jogo que te faz pensar sobre o curso da evolução, enquanto você luta contra predadores e decide o rumo do seu DNA.
The 7th Saga
Conhecido por sua dificuldade brutal, esse RPG foi considerado frustrante por muitos na década de 90. Inimigos superpoderosos, grinding obrigatório e escolhas de personagem que podiam complicar ainda mais a jornada. Mas o tempo foi generoso com The 7th Saga. A trilha sonora melancólica, a ambientação sombria e o clima de isolamento passaram a ser valorizados. Hoje, é lembrado como um precursor espiritual de experiências mais desafiadoras, como os “soulslikes”. Inclusive, streamers e criadores de conteúdo passaram a redescobrir o jogo e valorizar seus elementos hardcore.
Drakkhen
Drakkhen foi um dos primeiros RPGs 3D do Super Nintendo, e isso gerou confusão. Com gráficos esquisitos, jogabilidade truncada e uma interface nada amigável, o jogo foi criticado por parecer um experimento mal finalizado. Mas quem insiste descobre um mundo misterioso, com criaturas sinistras, ciclos de dia e noite e uma sensação constante de perigo. Não é um jogo fácil, nem convencional, mas tem uma identidade muito própria — e por isso virou cult. Hoje, é referência quando se fala em jogos que desafiam o jogador a explorar por conta própria, sem tutoriais ou bússolas.
Secret of Evermore
Lançado pela própria Square, mas desenvolvido por uma equipe americana, Evermore sofreu com comparações injustas com Secret of Mana. Na época, fãs ficaram decepcionados com o humor irônico, a ambientação “menos mágica” e a ausência de multiplayer. Porém, com o tempo, a originalidade do jogo brilhou. Os cenários inspirados em filmes B, a trilha sonora atmosférica e o sistema de alquimia conquistaram uma base fiel. Hoje, é considerado um dos RPGs mais únicos do SNES. A transição entre eras como a Pré-História e a Idade Média alternativa também contribuiu para torná-lo uma experiência única, e cada vez mais jogadores voltam a ele pela curiosidade e estilo próprio.
Illusion of Gaia
Embora não tenha sido exatamente mal recebido, Illusion of Gaia sempre viveu à sombra de outros RPGs da época. Sua história densa, cheia de temas existenciais, e a ausência de grind tradicional fizeram muitos jogadores torcerem o nariz. Mas, revendo hoje, dá pra perceber o quão ousado e artístico esse jogo era. A jornada de Will é cheia de momentos tocantes, e o tom filosófico ressoa melhor com um público mais velho. A sensação de viagem, descoberta e responsabilidade — mesclada a lendas históricas e locais reais — faz dele uma obra que conversa com o jogador de forma inesperada.
Brain Lord
Outro RPG da Enix que sofreu críticas por sua abordagem diferente, Brain Lord combinava elementos de ação com puzzles complexos em masmorras labirínticas. O combate não era tão polido quanto em Zelda, e os visuais passaram batidos entre outros títulos mais chamativos. Mas, com o tempo, jogadores passaram a admirar o jogo por sua variedade de enigmas, sistema de fadas que ajudam em batalha e trilha sonora envolvente. Hoje, é comum vê-lo listado entre os RPGs mais subestimados do console.
Robotrek
Esse RPG colorido e com tom infantil foi considerado bobo por muitos na época. A premissa de um garoto inventor que cria robôs para lutar por ele não foi levada a sério. Mas, anos depois, Robotrek passou a ser celebrado por sua criatividade. O sistema de personalização dos robôs, os toques de humor, e a leveza geral da narrativa fazem dele uma experiência charmosa e diferente, especialmente para quem busca algo mais descontraído no universo dos RPGs.
Por que esses jogos resistem ao tempo?
Porque eles ousaram. Saíram da curva, tentaram algo diferente — e foram punidos por isso no lançamento. Mas com o passar dos anos, jogadores que buscavam algo além do convencional voltaram a esses títulos com outro olhar. E encontraram experiências que envelheceram como vinho.
Hoje, com a facilidade dos emuladores, coletâneas digitais e até relançamentos em plataformas modernas, muita gente tem redescoberto esses clássicos esquecidos. E é aí que a mágica acontece: você joga sem a pressão da crítica da época, sem comparações injustas. Apenas você e a tela, mergulhando em algo que talvez nunca tenha tido seu devido reconhecimento.
Se você está cansado dos mesmos jogos de sempre e quer explorar o lado B do Super Nintendo, essa lista é um ótimo ponto de partida. Às vezes, a genialidade só aparece depois que a poeira baixa.