O Nintendo 64 foi um marco na história dos videogames. Seus gráficos 3D revolucionaram a indústria na época, e muitos dos seus títulos definiram os gêneros que conhecemos hoje. Mas nem tudo envelheceu como vinho. Em 2025, revisitar esses clássicos é uma montanha-russa de nostalgia e estranheza: câmeras desobedientes, controles duros e visuais que hoje parecem blocos de papelão. Ainda assim, o carinho permanece.

Aqui estão alguns dos jogos do N64 que envelheceram mal, mas seguem firmes no coração dos fãs.

GoldenEye 007

Ícone absoluto dos jogos de tiro, GoldenEye foi revolucionário em 1997. Mas jogá-lo hoje é um teste de paciência: mira travada, ausência de mira analógica, IA limitada e framerate que despenca nas fases mais cheias. Mesmo assim, quem viveu a febre do multiplayer com tela dividida sabe que esse jogo era diversão pura — e é impossível esquecer as partidas no Complex com regra de Golden Gun.

Super Mario 64

Calma, não surta: Mario 64 é um clássico e merece todo o respeito. Mas é impossível negar que a câmera do jogo é um dos maiores vilões pra quem tenta jogar hoje. Em alguns momentos, é quase uma batalha contra o sistema de visão. Ainda assim, o level design, a sensação de liberdade e a trilha sonora fazem dele uma experiência mágica até hoje.

The Legend of Zelda: Ocarina of Time

Um dos jogos mais influentes de todos os tempos. Porém, a movimentação travada, os combates simplificados e os visuais borrados mostram o peso da idade. Ainda assim, é difícil não se emocionar ao voltar para Kokiri Forest ou tocar a Ocarina pela primeira vez. Mesmo com mecânicas ultrapassadas, o jogo carrega alma e impacto que superam qualquer limitação técnica.

Donkey Kong 64

Um jogo enorme, talvez grande até demais. Donkey Kong 64 ficou conhecido por seu excesso de colecionáveis e mudanças de personagem para pegar itens específicos. A fórmula hoje é considerada repetitiva e cansativa. Mas quem era criança na época lembra da abertura com rap dos Kongs e da alegria de explorar mundos cheios de segredos. A nostalgia segura a bronca.

Perfect Dark

Sucessor espiritual de GoldenEye, Perfect Dark trouxe avanços técnicos, mas herdou muitos dos mesmos problemas. As fases eram longas, a IA era confusa e os comandos, engessados. Ainda assim, o enredo de ficção científica e o modo multiplayer com bots conquistaram fãs fiéis.

Star Fox 64

Na época, era o auge da tecnologia poligonal. Hoje, os modelos angulosos e a repetição de falas chamam atenção. A jogabilidade on-rails ainda diverte, mas falta refinamento em comparação com jogos mais recentes. Mesmo assim, frases como “Do a barrel roll!” ficaram eternizadas.

Quest 64

Tentativa tímida de um RPG 3D ocidental no N64, Quest 64 sofre com sistemas rasos, enredo quase inexistente e repetição. Mas foi o primeiro contato com RPG para muitos jogadores e, por isso, ainda tem seu espaço na memória afetiva.

Jet Force Gemini

Visualmente impressionante para a época e com boas ideias, Jet Force Gemini foi vítima da dificuldade excessiva, da mira complicada e do design de fases confuso. Ainda assim, o carisma dos personagens e a ambientação sci-fi garantiram um lugar cativo entre os fãs da Rare.

Turok: Dinosaur Hunter

A combinação de neblina infinita, controles soltos e mapas labirínticos faz de Turok uma experiência difícil de revisitar. Mas era diferente de tudo na época: dinossauros, armas malucas e muito sangue. O impacto visual foi marcante e a trilha sonora ainda arrepia.

Body Harvest

Pouco lembrado hoje em dia, Body Harvest foi desenvolvido pela DMA Design (que mais tarde se tornaria a Rockstar). Misturando ação, exploração e elementos de mundo aberto, o jogo era ambicioso demais para seu tempo. O visual é datado, os controles são duros e a dificuldade é impiedosa, mas a liberdade oferecida já dava sinais do que a empresa faria anos depois com GTA III.

WinBack: Covert Operations

WinBack tentou ser o Metal Gear do Nintendo 64. Introduziu o sistema de cobertura e troca de tiros em terceira pessoa com elementos táticos. Hoje, parece rígido e limitado, mas foi precursor de mecânicas que só se popularizariam anos depois. Foi injustamente esquecido, mas tem valor histórico e nostálgico.

Por que a gente ainda ama tudo isso?

Esses jogos carregam o charme de uma época em que o 3D ainda era novidade. Mesmo com suas falhas, eram ousados, criativos e marcaram a infância de muita gente. Hoje, podem parecer duros, lentos ou até feios, mas têm algo que poucos jogos modernos conseguem replicar: identidade.

Revisitar esses títulos é como abrir um álbum de fotos antigo. Pode estar desbotado, mas cada imagem carrega um peso emocional que o tempo não apaga.

Se você consegue superar câmeras rebeldes e controles esquisitos, vai reencontrar experiências que ajudaram a moldar o que os games são hoje. E talvez, ao rejogar, descubra que o que importa mesmo nunca foi o gráfico, mas a memória que aquele jogo deixou em você. Em tempos de remakes e nostalgia em alta, vale dar uma segunda chance a esses pioneiros.