Às vezes a gente joga um game moderno e pensa: “Isso aqui me lembra algo…”. A verdade é que muitos dos jogos que a gente ama hoje têm raízes profundas lá no Super Nintendo. Foi nos 16-bits que várias ideias começaram a tomar forma e moldar gêneros inteiros. Sem exagero, o SNES é a origem de muitas das tendências mais fortes da indústria atual.
Hoje vamos revisitar esses clássicos que não apenas marcaram época, mas plantaram as sementes de franquias gigantes que continuam a crescer até hoje. Prepare-se para uma viagem no tempo, com nostalgia, curiosidade e muito respeito pela história.
Super Metroid – Metroidvania moderna
Lançado em 1994, Super Metroid definiu o conceito de exploração não-linear, coleta de upgrades e backtracking inteligente. A atmosfera isolada de Zebes, o mapa interconectado e o senso de progressão foram tão marcantes que deram origem a um subgênero inteiro: o Metroidvania.
Hoje, jogos como Hollow Knight, Axiom Verge, Dead Cells e até mesmo os modernos Ori and the Blind Forest e Metroid Dread devem tudo (ou quase tudo) a Super Metroid. É impressionante como um jogo de quase 30 anos ainda dita regras de design.
The Legend of Zelda: A Link to the Past – Mundo aberto moderno
Muito antes de Breath of the Wild, foi A Link to the Past que deu o primeiro gostinho de liberdade real em Hyrule. Com seu mundo vasto, mas cuidadosamente construído, o jogo estimulava a exploração, a experimentação e a curiosidade.
A estrutura de “vá onde quiser, mas esteja preparado” foi precursora do que hoje vemos em mundos abertos como os de Elden Ring, Skyrim e o próprio Zelda moderno. Era um mundo que dava as ferramentas, mas deixava o jogador decidir como usá-las.
Super Mario RPG – Paper Mario e Mario & Luigi
Fruto de uma parceria improvável entre Nintendo e Square, Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars foi o primeiro passo do bigodudo no mundo dos RPGs. O sistema de combate com comandos de tempo, o humor leve e o carisma dos personagens foram tão bem recebidos que geraram uma nova linhagem de jogos: Paper Mario e Mario & Luigi.
Ambas as séries beberam direto da fonte de Super Mario RPG, adaptando o estilo para portáteis e novos públicos, mas mantendo o DNA do original. É uma das provas de como um spin-off pode virar referência.
Fire Emblem: Mystery of the Emblem – RPGs táticos modernos
Embora não tão popular no ocidente na época, a franquia Fire Emblem começou a criar suas bases sólidas no SNES com títulos como Mystery of the Emblem. A mistura de estratégia em turnos com enredo envolvente e personagens únicos influenciou diretamente jogos modernos como Triangle Strategy, Wargroove e até XCOM.
Foi também aqui que o conceito de permanência de morte dos personagens ganhou força, aumentando o peso de cada decisão. Fire Emblem hoje é uma das franquias mais respeitadas da Nintendo, e muito disso veio das bases construídas no SNES.
Final Fantasy VI – RPGs narrativos
Final Fantasy VI não só ajudou a definir o gênero no ocidente, como pavimentou o caminho para os RPGs focados em narrativa emocional, dilemas morais e personagens complexos. Sem ele, provavelmente não veríamos títulos como Xenoblade Chronicles, Octopath Traveler ou mesmo os RPGs ocidentais que prezam por storytelling denso.
Kefka, Celes, Terra, Locke… cada personagem tinha um arco real, uma motivação. O jogo mostrava que enredo era tão importante quanto combate ou gráficos.
F-Zero – Corridas futuristas e ultra-rápidas
Antes de Wipeout e muito antes de Fast RMX, foi F-Zero que mostrou que dava pra criar um jogo de corrida com velocidade absurda, trilha sonora marcante e pistas desafiadoras em ambientes futuristas. O uso criativo do Mode 7 foi uma aula de como empurrar os limites técnicos.
Apesar da franquia estar em pausa há tempos, seu legado segue forte em títulos indie e espirituais que tentam recapturar aquele ritmo eletrizante.
SimCity – Simuladores de construção
SimCity no SNES foi um sucesso inesperado. A ideia de administrar uma cidade inteira, lidar com orçamentos, desastres naturais e felicidade da população conquistou jogadores de todas as idades. Foi um dos primeiros grandes simuladores em um console de mesa.
Hoje, vemos seu impacto em jogos como Cities: Skylines, Tropico e outros simuladores de gestão que continuam explorando esse tipo de fantasia lúdica e estratégica.
Street Fighter II – Fighting games como conhecemos
Seria impossível falar de influência sem mencionar Street Fighter II. O jogo que transformou os fliperamas (e depois os consoles) não só criou um padrão de jogo de luta 2D, como estabeleceu arquétipos e mecânicas ainda usadas hoje.
Dragon Ball FighterZ, Mortal Kombat 1, Guilty Gear… todos, de alguma forma, vivem sob a sombra (ou luz) de SFII.
O Super Nintendo foi o terreno onde as ideias floresceram
Muito mais do que apenas nostálgico, o SNES foi uma usina criativa que moldou toda a geração seguinte de games. Se hoje jogamos mundos abertos complexos, RPGs com narrativas densas, jogos de luta com sistemas refinados ou metroidvanias desafiadores, é porque alguém, lá atrás, arriscou.
Esses jogos não apenas envelheceram bem: eles continuam relevantes porque ainda são bons, ainda dizem algo. Em 2025, é essencial olhar para trás e reconhecer que a história dos games modernos está escrita em pixels de 16 bits.