O PS Vita tinha tudo pra ser o sucessor perfeito do PSP: design moderno, tela incrível, potência digna de console de mesa e uma promessa de jogos de alto nível na palma da mão. Mas a verdade é que, apesar do potencial, o portátil da Sony nunca decolou como deveria.

Hoje, ele é lembrado com carinho por muitos, mas também como um dos maiores casos de “quase deu certo” da história dos games. Mas afinal, por que o PS Vita não deu certo? Vamos entender os principais motivos.

Promessa ambiciosa, suporte inconsistente

Quando o Vita foi apresentado, a ideia era clara: um portátil premium que entregaria experiências próximas às dos consoles de mesa, com gráficos impressionantes, dois analógicos e até touchscreen frontal e traseiro. Na teoria, era tudo que a gente queria.

Mas na prática, a Sony não conseguiu manter o mesmo entusiasmo. O apoio a grandes franquias durou pouco, e muitos estúdios acabaram abandonando o Vita quando perceberam que o público não estava lá em peso.

O próprio Shuhei Yoshida, executivo da Sony na época, admitiu anos depois: “O mercado simplesmente se moveu para os smartphones”.

Cartão de memória proprietário: o erro que afastou jogadores

Um dos maiores tropeços do PS Vita foi a decisão de usar cartões de memória exclusivos da Sony, ao invés de um simples microSD. E o pior: esses cartões eram absurdamente caros.

Em 2012, um cartão de 32GB podia custar mais de R$ 300 no Brasil. Sem esse espaço, o jogador ficava limitado, já que muitos jogos exigiam instalação ou updates constantes. Isso tornou o Vita uma plataforma cara de manter — e muita gente simplesmente desistiu.

Falta de exclusivos de peso ao longo dos anos

Nos primeiros meses, o PS Vita recebeu títulos como Uncharted: Golden Abyss, Gravity Rush, Killzone: Mercenary e LittleBigPlanet. Mas com o tempo, os lançamentos começaram a rarear.

A Sony passou a focar cada vez mais no PS4, e o Vita foi ficando de lado. O console acabou virando refúgio para indies e visual novels, que até seguravam a base mais fiel, mas não eram o bastante pra atrair o grande público.

Sem jogos “matadores” com regularidade, o Vita perdeu força.

O crescimento dos smartphones

Não dá pra ignorar o contexto da época. Quando o Vita chegou em 2011, o mundo mobile já estava virando de ponta-cabeça. Jogos como Angry Birds, Clash of Clans e Subway Surfers dominavam os celulares e exigiam pouco investimento.

A maioria das pessoas não queria mais carregar dois dispositivos — e jogar “de verdade” no transporte público estava virando coisa do passado. O Vita surgiu no meio dessa virada e acabou sendo deixado pra trás por uma geração que trocou os botões pelas telas touch.

Comunicação confusa e pouco marketing

A Sony também falhou em explicar para o público o que era o Vita e por que ele era tão especial. Muita gente nem sabia das funções como Remote Play com o PS4, ou da possibilidade de jogar títulos de PSP, PS1 e indies com qualidade superior.

Sem campanhas impactantes, sem propagandas memoráveis e com uma estratégia tímida fora do Japão, o Vita não conseguiu criar aquela imagem forte que o PSP tinha.

E então, o PS Vita foi um fracasso?

Do ponto de vista comercial, sim — vendeu menos de 20 milhões de unidades no mundo todo, um número bem abaixo do PSP (mais de 80 milhões). Mas pra quem teve um, o Vita nunca foi um fracasso.

Ele virou uma joia cult entre os fãs, com jogos incríveis, qualidade de construção impecável e um sistema que ainda hoje impressiona. A comunidade mantém o console vivo com desbloqueios, ports, emuladores e muita paixão.

Se você se perguntava por que o PS Vita não deu certo, agora já sabe: o problema não foi o console — foi tudo em volta dele. Um portátil à frente do seu tempo, que sofreu com decisões comerciais equivocadas e chegou na hora errada.

No fim, o Vita é mais um daqueles casos em que a tecnologia brilhou, mas a indústria não acompanhou.